Lembranças da Copa de 1982

Lembranças da Copa de 1982
Acompanhe a história da Sportec, com artigo de Ricardo Bucci, com as seleções produzidas pela saudosa fábrica de botões

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Saudades de meu primeiro artigo...

por Ricardo Bucci
Ah! Se pudéssemos voltar no tempo...
Caríssimos amigos, colecionadores e leitores de "Botões para Sempre". Não resisti à tentação de escrever um artigo e apresento-lhes um pouco da vibrante Brianezi, cuja empresa foi pioneira nos botões chamados "oficiais". Uma pena que a Brianezi encerrou sua linha de produção de botões, em dezembro de 2001, muito motivada pela pressão dos clubes frente ao uso de imagem dos escudinhos e pelo próprio enfraquecimento do futebol de botão por causa dos jogos eletrônicos.
Bons tempos àqueles que podíamos fazer um pedido a domicílio ou mesmo frequentar a lojinha da Brianezi, que se localizava na Av. Álvaro Ramos, na esquina de uma "viela" sem saída, no Belenzinho, em São Paulo.
Bons tempos que no fundo dessa lojinha rolava campeonatos disputadíssimos, onde pais e filhos tinham um só objetivo: se divertir.
Bons tempos onde tínhamos a chance de adquirir, em qualquer loja de esporte, um jogo de botão "oficial". Pela pesquisa que realizei no site 'Empresas do Brasil', Paulo Brianezi, fundador da marca, registrou o nascimento da fábrica em 17 de agosto de 1972. No livro "Botoníssimo - O livro do Futebol de Mesa", de Ubirajara Bueno, nos idos de 1972, o fundador Paulo logo depois de confeccionar botões de forma caseira, industrializa o processo, usando acetato de celulóide importado do Japão. Já os botões, do tipo "tampa de relógio", são decorados com escudos e bandeiras. O resultado? Bingo! Um jogo com acabamento impecável. No estojinho desfilavam monstros sagrados do futebol de uma época mais 'romântica', digamos. A bolinha de lã era novidade. As mesas - chamadas de campos oficiais -, (que eu cresci chamando de "tábua") lembravam estádios reais como uma Fonte Nova, Castelão ou Maracanã. As palhetas eram coloridas (verdadeiras relíquias se hoje encontradas) e davam mais emoção ao jogo. Mediam cerca de 52mm de diâmetro e eram macias e flexíveis.
Apresento-lhes abaixo um catálogo de times produzidos na fase áurea da Brianezi. Ninguém produziu tantos times como a Brianezi. A coleção é extensa. No final dos anos 70 e início dos 80, a Brianezi vendia cerca de 250 times nacionais, internacionais e seleções. O CEUB - Centro de Ensino Unificado de Brasília (DF) era um time caçula dos concorrentes do Campeonato Nacional de 1973. Tinha apenas dois anos de existência e era formado por jovens valores e "cobras" do passado como Rildo, Oldair e Lumumba. Seu treinador era João Avelino e, nas mesas da Brianezi, o time se destacava pelas suas cores coloridas azul e amarelo. Outras agremiações do DF feitas pela Brianezi era o Colombo, campeão candango de 1971, e o inusitado Carioca. No estado do Ceará, a Brianezi produzia um dos times mais simpáticos do Nordeste: o Calouros do Ar. O "Tremendão da Aerolândia", carinhosamente chamado pelos torcedores do Calouros, foi fundado em 1952. O nome foi dado em homenagem ao conjunto musical da Base Aérea de Fortaleza (CE) e aos aspirantes a oficiais aviadores que chegavam todos anos à Base.
Tive na década de 80, e agora com muito custo e espera, consegui achá-lo novamente, um dos times mais conhecidos do mundo: o Cosmos, time em que o Rei do Futebol, Pelé, encerrou sua magistral carreira. O nome do clube foi idealizado pelo inglês Clive Toye, o primeiro diretor do clube. A inspiração veio do New York Mets, time de beisebol. Foi também por sugestão de Toye, que as cores iniciais do Cosmos fossem o verde e amarelo, em homenagem ao Brasil de 1970, tri-campeão da Copa do Mundo. O verde e o amarelo permaneceram até 1974, quando foram alterados para o branco e o verde, que foi usado até 1979. A partir de 1980, as cores passaram a ser o branco e o azul. A Brianezi produzia em maior porcentagem na fábrica o Cosmos em "amarelo com faixas verdes". Porém, existiam outras versões de cores. Exemplo: podíamos achar três cores de botões para a ex-Alemanha Oriental (branca, vermelha e amarela) e assim por diante com outros times.
Depois adquiri bons times da Brianezi que ainda hoje dão trabalho a qualquer outro botão fabricado artesanalmente. São eles: Brasil CBD, de 1979 (a CBD reinou no país até esse ano); Internacional, de 1978, Flamengo, de 1979, Manchester United, de 1980, onde tínhamos o número 9 que eu comentava que era o 'melhor do mundo', no botão, pois ainda ele joga uma "barbaridade"; Guarani, de 1981, Corinthians, de 1982 e centenas de outros comprados já numa "terceira fase", no final da década de 80.
Porém, o primeiro a gente nunca esquece. No começo de 1977 aparecia em minha casa o primeiro "Brianezi", comprado pelo meu pai e que era do meu irmão mais velho. Tratava-se do Clube do Remo, um dos grandes times da região Norte. Ficávamos encantados com o estojinho, o goleiro (que estampava o distintivo do clube), feito de 'pedra', a palheta ou "batedor" (que era colorida e tinha o azul como cor marcante) e a bolinha, que, por incrível que pareça, também era revestida de lã azul e branca, ou seja, as cores do 'Leão Azul do Norte'.
Aproveito abaixo também para ilustrar um pouco esse artigo com fotos de alguns Brianezi. Fico aqui no aguardo de comentários dos meus leitores na expectativa de encontrar pessoas que possam contar um pouco de seus Brianezi, principalmente, daqueles jogos da segunda fase da empresa, que compreende a fase de 'ouro' da Brianezi, isto já na segunda metade dos anos 70 e início da de 80, cujos botões eram encontrados nas lojas com aquelas "duas faixas" típicas, em celulóide. E é justamente dessa época que posto essa lista, feita pela própria Brianezi, e que continha uma centena de times nacionais, internacionais e seleções. 

Lista dos times produzidos pela Brianezi do período 1977-1986:
A caixa típica da fábrica, com a rara seleção albanesa de minha coleção
Acima, o New York Cosmos, final dos anos 70 e abaixo, o Brasil CBD 1979 e Manchester United 1980
Este Juventus da Mooca é seguramente o time mais ileso de minha coleção antiga. Nenhum risco, trinca, quebra, parece que foi fabricado ontem pela Brianezi. O goleiro de pedra, típico das primeiras gerações, que durou até esta época. A partir do final dos anos 80, a empresa optou por fazer goleiros sem os escudos dos clubes.
Palhetas coloridas e flexíveis: De 45 a 46mm de diâmetro, anos 70 que durou até 1986
Acima, o CEUB 1973, de Manchete Esportiva. Abaixo o raríssimo Piauí duas faixas:
 Acima, o Calouros do Ar, time que a Brianezi produzia. Abaixo, a formação da década de 50: A partir da esquerda (em pé): Edílson Araújo, Zezinho, Beto, Elder e Zuzinha. Na mesma ordem (agachados): Luciano, jandir, Jesus, Coité, Jairo e Pedrinho. Fonte: Coluna Tom Barros – Jornal Diário do Nordeste
O Nice da França: seguramente um dos mais difíceis times europeus da Brianezi de se encontrar.
Estados Unidos: segunda edição com o Porto Rico feito nos primórdios entre 1972-76
Brianezi produzidos entre 1987 até o fim do encerramento da linha, isto é, em 2001. Os de 1987 a 1996 são mais robustos e 'gordinhos'. Os de 1997 a 2001 são mais duros e rígidos.
Acima, o time do Remo de 1977, da Brianezi e abaixo, fotos, com crédito da Placar, em alta resolução do Clube do Remo, nos anos 70!
 Clube do Remo 1972
Clube do Remo 1973

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